não, não tem problema, pode tirar o sapato.

(senta aí. tem coca na geladeira e cuca de quechimia no forno)

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Sobre o generalizar

Ontem à noite por volta das 23h, desci do ônibus intermunicipal que faz uma parada há 2 quadras da minha casa. Um homem desceu no mesmo ponto, logo atrás de mim. Minha rua é escura e eu detesto andar à noite, ainda mais com um desconhecido na minha cola. Comecei a andar devagar para que o homem me ultrapassasse logo e eu pudesse ficar de olho nele sem dar muito na cara. Percebi que ele notou meu desconforto e se afastou de mim, com um sorriso amarelo, dando uma acelerada no passo. Fiquei muito envergonhada e pensei que talvez ele estivesse se sentindo mal por causar medo a uma pessoa, sem ter feito nada e sem ter a intenção de fazer nada contra ela. Pensei que por causa de uma minoria de cretinos que fariam mal a uma pessoa andando sozinha pela rua, ele teve que se sentir uma ameaça, uma pessoa perigosa.
No resto do caminho, fiquei pensando em todas as pessoas que são pré-julgadas por culpa de uma minoria que faz coisa errada. Atualmente o caso que mais me deixa triste é o dos policiais que trabalham honestamente, que não têm nada a ver com a bagunça de alguns colegas de profissão, mas são obrigados a ouvir coisas como “todo o policial é filho da puta, é sem-vergonha, tem que morrer”. Tenho amigos policiais, que trabalham numa boa, gostam do que fazem, mas que se sentem um lixo por serem tomados como bandidos – isso é que é ironia.
Preconceito é generalizar todas as pessoas de um determinado grupo pelo comportamento e atitude de uma parte do grupo. Acho que é isso. Senti-me envergonhada ontem à noite, pois tive preconceito contra uma pessoa. Preconceito, junto com uma tentativa de proteção contra a insegurança e violência e anda rolando por aí. E isso é ainda mais triste. Talvez amanhã outro cara apareça no meu caminho e eu resolva que ele “não tem cara de bandido” e que não devo me preocupar, aí me acontece algo. E será que eu devo correr o risco de fazer um julgamento incorreto? Eu sei lá. Tá uma confusão na minha cabeça. O ser humano me preocupa. O rumo que a História deste mundo está tomando me preocupa. Eu quero mais é fugir disso tudo e juro que na próxima encarnação vou pedir nascer cachorro, dormir na grama, rasgar saco de lixo e morder a perna de todo mundo que cruzar o meu caminho.
Por que pra mim, na verdade, todo o ser humano é uma merda.

6 comentários:

kingthere disse...

Lili, por causa da minha profissão sinto o que você descreveu aqui. Concordo plenamente, sem puxassaquismo nenhum.

Abraço.

Madame disse...

Pois é Kingthere. Infelizmente, eu também sinto. Beijo.

luluca disse...

hi querida passava por isso todas as noites antes da voltas as aulas, ando 3 quadras ate o apto onde moro sem uma alma viva é o HO

Cláudia disse...

Eu sei. Isso já aconteceu comigo, já me senti um UÓ por ter que considerar qualquer vivente nas proximidades um bandido em potencial.

Holandesa disse...

Me lembrou do filme Crash... pura verdade verdadeira.

Bonequinha de luxo disse...

Ei Lili, não é só vc que anda com medo até da sombra. Infelizmente é assim, os inocentes pagam pelos culpados. Beijocas.